domingo, 16 de janeiro de 2011

HM resgata Augusto Frederico Schmidt para falar de JK, política e poesia.

Poesia, Política e Idealismo. 

“Mais de quarenta anos depois que eu tiver desaparecido quem se lembrará de que passei por esse mundo? Quem abrindo os olhos da memória sobre minha ausência me reverá?”

Hoje, a política é regida pelo mais puro pragmatismo. Não há ideal, falta poesia, falta paixão, falta indispensável ousadia do novo.

Acostumamo-nos com a política miúda, com os políticos medíocres, com a política como meio de vida, como negocio. O interesse público invariavelmente esta a margem das instâncias políticas.

Não há mais as grandes causas, os grandes projetos, os grandes embates.

Governo e oposição disputam o título da política mais boçal. Há ausência de inteligência, de capacidade, de preparo.

Isso tudo nivelado nos municípios, nos estados, no país.

Entretanto, o Brasil já teve grandes momentos políticos, ocasiões ímpares que engrandeceram nosso povo, nossa cultura, nossa política.

Um desses momentos privilegiados foram os anos de JK, o presidente bossa nova, o arquiteto do impossível.

Entre erros e acertos, a era JK revelou ao Brasil homens que fizeram historia como Oscar Niemeyer, Lucio Costa, Bernardo Sayão, Israel Pinheiro, José Maria Alckmin entre outros.

Vale ainda resgatar a figura de Augusto Frederico Schmidt, poeta, empresário, idealista, sonhador, realizador.

Schmidt era uma das grandes almas do governo JK. Foi ele que elaborou o grande slogan da campanha vitoriosa que levou Juscelino ao Palácio do Catete.

50 anos em 5, esse era o lema do plano de metas de JK e foi isso que levou milhões e milhões de brasileiros a sonharem com seu presidente, o futuro e a realizações do Brasil.

Como “ghost writer” de JK ajudou a elaborar a Operação Pan-Americana, um primeiro plano de ajuda ao desenvolvimento da América Latina. Da OPA nasceria o BIRD (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e, algumas décadas depois, o MERCOSUL.

Hoje, as lideranças políticas temem o novo, a inteligência, a ousadia. Suas vaidades os impedem de deixarem de serem medíocres, pequenos, pragmáticos. Querem o trivial a manutenção do poder, a supremacia do vazio.

Talvez a diferença destes tempos seja o gosto pela cultura, pela ousadia.

JK gostava de poesia. Era um inquieto por natureza, atreveu-se a não ser pequeno.

Por certo, Schmidt um dia lhe teria dito:

“Eu te direi as grandes palavras
As que parecem sopradas de cima.
Eu te direi as grandes palavras,
As que se conjugam com as grandes verdades,
E saem do sentimento mais fundo,
Como os animais marinhos das águas lúcidas.
Eu te direi a minha compreensão do teu ser,
E sentirei que te transfiguras a ti mesmo revelada,
E sentirei que te libertei da solidão
Porque desci ao teu ser múltiplo e sensível.
Quero descer até as tuas regiões mais desconhecidas
Porque és minha Pátria,
As tuas paisagens são as da minha saudade.
Quero descer ao teu coração como se descesse ao mar,
Quero chegar à tua verdade que está sobre as águas.
Quero olhar o teu pensamento que está sobre as águas
E é azul
Como este céu cortado pelas aves,
como este céu limpo e mais fundo que o mar.
Quero descer a ti e ouvir
As tuas manhãs acordadas pelos galos.
Quero ver a tua tarde banhada de róseo como nuvens frágeis tangidos pelos ventos.
Quero assistir à tua noite e ao sacrifício dos teus martírios
Oh, estrela, oh, música,
Oh! tempo, espaço meu!” 


JK, assim como Schmidt, compreendia a alma e os anseios de sua época e de seu povo.




Henrique Matthiesen

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